Em uma tarde dessa semana eu saí correndo de uma aula de computação quântica no ITA para conseguir levar a minha filha à pediatra.
Eu estava super absorvido falando sobre álgebra linear, representação de qubits em esferas de Bloch, emaranhamento quântico, operadores unitários, estados de Bell etc. e logo em seguida me peguei correndo para resolver afazeres comuns do dia a dia.
Essa transição brusca me levou a observar como o intelecto humano tem o poder de contemplar verdade que vão além das coisas corriqueiras diante de nós. Ao discutirmos geometria, vamos muito além do estudo de um ou outro objeto específico diante de nós. A nossa mente se dirige para o alto e é capaz de contemplar verdades universais, necessárias, eternas e imutáveis.
Ao mesmo tempo, não somos anjos e temos os pés no chão. Diariamente nos ocupamos de nossos afazeres, cuidamos de nós mesmo e de nossas famílias.
Todo mundo enfrenta essa realidade. Vários dos cientistas da história viveram, para além de suas descobertas científicas, histórias pessoais bem interessantes. Viver entre essas duas realidades, cada um a seu modo, faz parte da condição humana.
Acredito que no meio disso tudo a gente precisa buscar a unidade. Buscar criar uma ponte entre o abstrato e o concreto, entre o geral e o particular, entre a álgebra linear e à consulta médica. Como professor, o meu estudo deve voltar-se para que eu possa dar o melhor de mim aos estudantes. Como pai de família, preciso não perder de vista que, por trás das pequenas atividades diárias, tenho a oportunidade de demonstrar amor pelas pessoas que estão perto de mim.
O céu e a terra se encontram no homem.
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